terça-feira, 18 de dezembro de 2007





ESQUECIDIÇO !



São lábios,
Solitários,
Sólidos lábios,
Em hálito breu,
Rejeitados,
São braços,
Estáticos,
Petrificados,
Em cruzes do acaso,
Os meus sem os teus,
Imóveis.
São olhos,
Cegos,
Vazios lagos,
Secas trevas,
No frio rosto meu,
E meu corpo,
Um jazido,
De sentimentos comprimidos,
Embalados ao descaso,
Dormido pelo som de passos,
Distanciados sem recados,
Sequer suspenso notificado,
Fostes tu abandonado,
Extinto de meus afagos,
No olvidar do coração meu.


18-12-2007



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segunda-feira, 10 de dezembro de 2007



DESILUSO !


Quanta água é preciso para queimar?
Verter dos olhos tanta dor,
Pensei que era água feita para limpar,
Mas vi entre nuvens o vermelho, embaçado e triste sol,
Ombros quase presos aos joelhos,
Em vergas toda minha ciência,
Dependente de não depender,
Inóspito, insano, inútil,
Quase inumano,
Ser de mente entorpecida,
Privacidade dividida,
A visão torpe, olho do jogador,
Moedas da visão minha,
Onde eu jogando perdi,
Afogadas onde não havia salva-vidas,
E eram altos os gritos, pareciam infinitos,
Eu mesmo ouvi,
Eram rios que saiam dos olhos aflitos,
Que logo abraçaram o mar,
Águas de admissível não saber,
Onde jogaram flores,
Onde cremaram amores,
Lavaram as mãos,
Molharam pela primeira vez os inocentes pés,
Lavaram os olhos dementes e depois os fizeram queimar,
Desse fogo sai a vil paga, moeda de mil faces,
Face sem nome, enrolado no pranto vermelho,
O vermelho que queimou as verdes matas,
Brasa, cinzas, fumaça,
Onde o riso perdeu a graça,
Fiou por seus dedos lagrimas e brumas,
Perdeu se das coisas suas,
Desiludiu, lembrou, apostou,
Queimou os olhos,
E perdeu.



02-10-2007


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