segunda-feira, 10 de dezembro de 2007



DESILUSO !


Quanta água é preciso para queimar?
Verter dos olhos tanta dor,
Pensei que era água feita para limpar,
Mas vi entre nuvens o vermelho, embaçado e triste sol,
Ombros quase presos aos joelhos,
Em vergas toda minha ciência,
Dependente de não depender,
Inóspito, insano, inútil,
Quase inumano,
Ser de mente entorpecida,
Privacidade dividida,
A visão torpe, olho do jogador,
Moedas da visão minha,
Onde eu jogando perdi,
Afogadas onde não havia salva-vidas,
E eram altos os gritos, pareciam infinitos,
Eu mesmo ouvi,
Eram rios que saiam dos olhos aflitos,
Que logo abraçaram o mar,
Águas de admissível não saber,
Onde jogaram flores,
Onde cremaram amores,
Lavaram as mãos,
Molharam pela primeira vez os inocentes pés,
Lavaram os olhos dementes e depois os fizeram queimar,
Desse fogo sai a vil paga, moeda de mil faces,
Face sem nome, enrolado no pranto vermelho,
O vermelho que queimou as verdes matas,
Brasa, cinzas, fumaça,
Onde o riso perdeu a graça,
Fiou por seus dedos lagrimas e brumas,
Perdeu se das coisas suas,
Desiludiu, lembrou, apostou,
Queimou os olhos,
E perdeu.



02-10-2007


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4 comentários:

Unknown disse...

Que poema triste para um dia [aparentemente] feliz, tia... ç___ç

devaneiosaovento disse...

Tenho grande paixão por olhos,passei por uma experiência meio dolorida, que me fez ter admiração por tudo relacionado a olhos, enfim, somente Freud.

Muita dor nesses olhos lindos,
relatados por vc em seus versos
não conseguem ver a beleza nesse momento da vida explícita, resta pouca alegria (ou nenhuma?)pois o riso perdeu a graça, os
olhos se fecharam perdidos para vida doeu muito me adentrar nesse mar de lágrimas
desculpe, acho que não ando nos meus melhores dias para deixar-te aqui algo animador
abraço grande

livia soares disse...

Olá, meu caro.
Bela postagem.
Tanto na imagem como no texto encontro uma angústia que faz refletir sobre os nossos limites racionais. Mas a beleza persiste.
Um abraço.

Carlos Henrique Leiros disse...

Sim...
Acima de toda a melancolia, persiste a beleza deixada nas palavras, aqui sempre de aguda exatidão. Os versos parecem tudo dizer.
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Faz-me pensar que o desencanto também seja um componente da forja do espírito do ser humano audaz, equidistante mas puro sentimento [sem ser sentimental, bem entendido]!
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Abraço do
Carlos